sábado, 4 de maio de 2019

Duna do pôr do sol diminuiu 6% em um ano e pode desaparecer em 20 anos

Os problemas que ecoam com as fortes chuvas somam-se a outras adversidades que Jericoacoara enfrenta. Quem tem o hábito de frequentar a praia deve ter percebido as mudanças que o lugar vem passando no decorrer dos anos. Uma das transformações mais visíveis é a diminuição da chamada duna do pôr do sol, um dos pontos turísticos mais visitados da região.

Segundo a doutoranda em Geografia Adely Pereira, a duna diminuiu 6% em área e volume entre 2017 e 2018. Outro ponto que chama atenção é que a formação está caminhando para o mar a uma velocidade de 12 metros por ano. "A duna é atacada em altas marés, que carregam os sedimentos", afirma. Se nada for feito, o monumento natural poderá desaparecer em 20 anos.

Os dados integram os resultados de uma pesquisa de mestrado realizada pela estudante no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Ela afirma que, somado aos processos de erosão natural, a ação humana tem interferência nesses resultados: "a ação antrópica, o turismo, acelerou esse processo".
O orientador do trabalho, Fábio Perdigão, explica que o crescimento da área urbana em Jericoacoara foi realizado em uma região nomeada de "corredor eólico", espaço onde circulam sedimentos que vêm da Praia do Riacho Doce (veja infográfico) e que alimentam o campo onde a duna do pôr do sol está situada."Esse corredor foi ocupado pela urbanização e a alimentação da duna foi diminuída fortemente, ocasionando um déficit constante de sedimentos".

A fim de sanar o problema, ele conta que há um projeto da Secretaria do Turismo (Setur) em análise que pretende criar "guias de corrente eólica" feitas com estruturas naturais, como palha de coqueiro. Adely explica como funciona a técnica: "É como se eu criasse um caminho natural de palha de coqueiro, a areia bate e vai caminhando até chegar à duna para realimentá-la e ganhar altura"

Fonte: O Acaraú