terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Polícia Civil avalia exumar corpos de outros familiares mortos por envenenamento em Parnaíba


O caso de envenenamento coletivo em Parnaíba, que repercutiu em todo o Brasil, pode ter novas reviravoltas. A Polícia Civil do Piauí não descarta a possibilidade de exumar dois corpos de familiares de Maria dos Aflitos, que faleceram em circunstâncias semelhantes às das vítimas do envenenamento iniciado no ano passado, com as mortes de duas crianças. Segundo as autoridades, o genro de Maria dos Aflitos Silva e seu antigo companheiro morreram há cerca de um ano.

Foto: Reprodução

O delegado Abimael Silva, responsável pela investigação, afirmou que, devido ao avanço do caso e à confissão de Maria dos Aflitos, a Polícia Civil pode solicitar a exumação dos corpos. O objetivo é verificar se há vínculo da acusada com outras mortes que, até o momento, não apresentavam características de crime.

“Não descartamos essa possibilidade. A decisão será tomada após o envio do inquérito ao Judiciário, dentro de cerca de 15 dias. Estamos organizando todo o material coletado, e o Ministério Público já está acompanhando o caso”, declarou o delegado.

Relembre o caso

O caso de envenenamento coletivo em Parnaíba, que causou grande comoção no país, envolve a família de Maria dos Aflitos e Francisco de Assis. A investigação da Polícia Civil revelou uma trama de mortes premeditadas.

O primeiro episódio ocorreu em 22 de agosto de 2024, com a morte de João Miguel Silva (7 anos) e Ulisses Gabriel Silva (8 anos), que ingeriram alimentos contaminados. Inicialmente, a família acusou a vizinha Lucélia Maria da Conceição. Durante a busca em sua residência, foi encontrado terbufós, o veneno usado nos envenenamentos, o que levou à prisão preventiva de Lucélia. No entanto, após novas mortes na família, a investigação mudou de rumo, e Lucélia foi solta seis meses depois.

No dia 1º de janeiro de 2025, nove membros da família passaram mal após consumirem baião de dois. Nos dias seguintes, cinco morreram:

Manoel Leandro da Silva, 18 anos

Igno Davi da Silva, 1 ano e 8 meses

Maria Lauane da Silva, 3 anos

Francisca Maria da Silva, 32 anos

Maria Gabriela da Silva, 4 anos

Inicialmente, Maria dos Aflitos e Francisco de Assis alegaram que o envenenamento seria causado por peixes. Porém, exames toxicológicos confirmaram a presença de veneno no baião de dois, preparado na noite de 31 de dezembro. As investigações apontaram que apenas Maria dos Aflitos e Francisco de Assis estavam acordados naquela madrugada, momento em que o veneno teria sido misturado à comida.

Francisco de Assis, cujas versões mudaram várias vezes durante a investigação, pode ter sido contaminado de forma dérmica ao manusear o veneno. Com o progresso das investigações e a confissão de Maria dos Aflitos, a Polícia Civil segue analisando novas evidências, o que pode levar à exumação de outros corpos e ao aprofundamento do caso.